Vale: qual o potencial de alta com a revisão de ativos?
21 Juni 2024 - 3:26PM
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A mineradora Vale fez uma apresentação virtual – webinar – para
analistas e investidores com o resultado da revisão dos ativos da
Vale Metais Básicos.
A apresentação, depositada na Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), trouxe as conclusões e ações de melhoria para a unidade,
incluindo oportunidades de ampliar a capacidade de alguns ativos e
reduzir custos de produção.
A mineradora destacou que os dados apresentados se referem
apenas a expectativas, são hipotéticos e não constituem promessa de
performance.
A revisão de ativos indicou potencial para acrescentar 100 mil
toneladas de cobre por ano de cobre e aproximadamente 40 mil
toneladas de níquel por meio da melhora na produtividade e
iniciativas de baixo custo de capital.
VISÃO DO MERCADO
Revisão de ativos e um plano detalhado de entrega. A Vale
(BOV:VALE3) realizou na última quinta-feira (20) webinar do seu
segmento de metais básicos, contando com a presença do presidente
da Vale Base Metals (VBM) da Vale, Mark Cutifani, a diretora
comercial da VBM, Tina Litzinger, e o diretor de RI da Vale, Thiago
Lofiego, evento que foi visto como positivo pelos analistas de
mercado. Por outro lado, há questões sobre quanto isso pode
impulsionar as ações.
A subsidiária avalia investir cerca de US$ 3,3 bilhões em
medidas que visam ampliar a capacidade de ativos de cobre e níquel
e reduzir custos de produção.
Segundo a XP, foi apresentado: um plano estratégico detalhado,
com várias oportunidades para aumentar a capacidade de produção de
cobre em 100 mil toneladas por ano (ktpy) e níquel em 40 ktpy até
2028+; melhoria de volumes potenciais (entre 5% e 10%) e redução de
custos (cerca de 10%) impulsionando melhor desempenho operacional,
com ganhos iniciais implicando um lucro antes de juros, impostos,
depreciações e amortizações (Ebitda) incremental de cerca de US$
400 milhões até 2026 e por volta de US$ 1,3 bilhão até 2028 em
diante; e expectativas de um mercado apertado para cobre e níquel,
dada a demanda acelerada de veículos elétricos, baterias e energia
renovável, com adições de capacidade limitadas.
As oportunidades para aumento da capacidade passam pela
estabilização da produção e aumento da produtividade em Salobo,
elevação da produção em Sudbury, enquanto melhora a estabilidade
alimentar em Sossego. Além disso, houve o mapeamento para aprimorar
produtividade e iniciativas de baixo capital, incluindo o aumento
da capacidade da mina e da utilização de processamento em Sudbury e
o ramp-up (evolução das operações) completo da unidade de metais
básicos, enquanto maximiza a capacidade da fábrica em Voisey’s
Bay.
O plano estratégico detalhado sobre a VBM foi visto com bons
olhos pela XP, que apontou o mapeamento de várias oportunidades
pela Vale. Para o JPMorgan, a Vale agora tem um plano claro para
cada ativo de sua divisão de metais básicos, plano este
profundamente revisto e discutido. “Agora é tudo uma questão de
cumprir o plano e vemos isso como positivo para o segmento e para a
empresa”, ressaltou o banco americano.
A Genial Investimentos avalia que toda a operação e estratégia
apresentada na revisão de ativos da unidade de metais básicos
parece excelente. Contudo, as boas notícias no segmento não
costumam animar muito os investidores, “o que é uma infelicidade e
vai contra um movimento parcial de fundamentos, uma vez que
acreditamos que a VBM está saindo basicamente ‘de graça’ dentro do
valuation de mercado atual da companhia”, aponta a casa de
análise.
Os analistas da Genial ressaltam que, quando há alguma notícia
ruim (como a revisão para baixo do guidance de produção de cobre
para 2023 ocorrida em outubro do ano passado), as ações podem vir a
apresentar queda, principalmente se o mercado em geral já estiver
com um sentimento mais negativo (bearish) em relação ao case, como
tem sido nos últimos doze meses. Para os analistas, isso ocorre uma
vez que acaba se amontoando razões para os investidores que estão
operando vendido no papel.
Mas quando um grande anúncio positivo é feito, diante do forte
aumento de volume e redução de custo considerável que foram
anunciados na apresentação de ontem, ainda assim as ações ganham um
fôlego tímido, tendo obtido uma alta de apenas cerca de 1% durante
a sessão de negociações.
A Genial ressalta a forte correlação entre a volatilidade das
ações da Vale versus a curva spot do minério de ferro – não das
curvas de preço de cobre ou níquel, o que é amplamente
conhecido.
“Parece ser quase óbvio ressaltar que, historicamente o que
parece condicionar o aporte de investidores em Vale são (i) as
perspectivas do cenário macroeconômico para a China, bem como (ii)
fundamentos do minério de ferro, carro-chefe da companhia, no
balanço entre oferta e demanda desta commodity em particular.
Portanto, ambos os fatores não possuem conexão com a capacidade
micro da Vale de realizar a otimização dos ativos de cobre e
níquel”, avalia a Genial, apesar de não concordar totalmente com a
ótica do mercado.
Para o Bradesco BBI, os principais executivos da VBM detalharam
o caminho para desbloquear valor em cada um dos ativos, ao mesmo
tempo em que definiram as prioridades da divisão nos próximos anos,
o que é positivo. Por outro lado, poderá levar mais tempo para que
os investidores avaliem essas iniciativas. “Em nossa opinião, a VBM
tem uma tese de investimento interessante, mas que depende de:
melhorias de custos em suas operações de níquel; e desbloqueio de
iniciativas de crescimento em suas operações de cobre”, avalia.
O BBI tem recomendação outperform (desempenho acima da média do
mercado, equivalente à compra) para o ADR (recibo de ações
negociado na Bolsa de Nova York) VALE, com preço-alvo de US$ 19, ou
potencial de alta de 68% frente o fechamento de quinta-feira. A XP
também reitera recomendação de compra, enquanto espera que o valor
da Metais Básicos seja desbloqueado assim que o desempenho
operacional melhorar, mesma recomendação da Genial (com preço-alvo
de R$ 78,50 para VALE3, upside de 28%).
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