As ações de empresas de proteína animal registram ganhos expressivos nesta sexta-feira (26), em um movimento de recuperação após temores de que a doença de Newscastle em aves se espalhe sendo dissipados. Às 12h30 (horário de Brasília), BRF (BOV:BRFS3), R$ 21,60, +2,61%, Marfrig (BOV:MRFG3), R$ 11,30, +2,73% e Minerva (BOV:BEEF3), R$ 6,30, +1,94% avançavam entre 2% e 3%.

Contudo, o grande destaque de alta ficava para a JBS (BOV:JBSS3), com as ações em disparada de 8,11%, a R$ 33,45, no mesmo horário.

Duas “novidades” impulsionam as ações na sessão: a maior produtora de carnes do mundo anunciou nesta sexta-feira que vai inaugurar em novembro a sua fábrica de empanados de frango na Arábia Saudita. A unidade vai quadruplicar a capacidade de produção de produtos de frango da companhia na Arábia Saudita, para 40 mil toneladas ao ano, consolidando ainda a estratégia de vendas de produtos de maior valor agregado na importante região para a JBS.

Além disso, o JPMorgan elevou a recomendação para ação da JBS de equalweight (exposição igual a média do mercado, equivalente à neutro) para overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) após uma recente queda no preço das ações, que considera injustificada, dado o cenário de melhora nas margens de frango (PPC, subsidiária processadora de frangos listada nos EUA, e Seara), forte lucratividade de suínos nos EUA e na Austrália, margens estáveis de carne bovina nos EUA e enfraquecimento do real.

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Além disso, analistas esperam que o segundo trimestre deve ser um catalisador positivo para a ação, combinado com uma perspectiva forte para o segundo semestre na maioria das linhas de negócios.

O banco também elevou o preço-alvo de R$ 27 para R$ 37, o que representa um potencial de alta de 19,6% frente o fechamento da última quinta-feira (25) de R$ 30,94.

O banco americano prevê um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 8,1 bilhões no 2º trimestre, 15% acima do consenso. Para o ano, a preivsão é de R$ 30,3 bilhões, 10% acima do consenso.

Segundo o JPMorgan, ainda não é tarde para se expor à ação, mesmo após o bom desempenho da PPC no 1º semestre, pois a empresa deve continuar vendo um ciclo prolongado e forte de frango globalmente, combinado com um bom ambiente de negócios para a Seara, suínos nos EUA e na Austrália, compensando em grande parte a fraqueza da carne bovina nos EUA tanto em 2024 quanto em 2025.

Além disso, conforme analistas, tem havido uma visibilidade sem precedentes sobre os baixos custos de alimentação, já que os mercados de soja e milho estão amplamente abastecidos.

Com isso, o banco modela uma margem de 13% para PPC no 2º trimestre, uma média de 10,7% para 2024 e 9% em 2025.

O JPMorgan ainda cita que a Austrália está experimentando uma disponibilidade recorde de gado, melhorando a disponibilidade de mão de obra, o que está impulsionando a melhoria dos spreads na região. Nesse contexto, o banco acredita que a Austrália pode operar com margens de dois dígitos nos próximos trimestres. No caso dos suínos nos EUA, o banco vê os spreads melhorando marginalmente à medida que a oferta de suínos reduz os preços. A carne bovina no Brasil, por sua vez, está passando por um ciclo forte, com a JBS ganhando terreno com novas licenças de exportação e boa demanda doméstica.

Por outro lado, a carne bovina nos EUA continua sendo o principal risco, uma vez que deve se normalizar apenas em 2027. A grande questão continua sendo quão baixa ela pode chegar no fundo do ciclo, que o banco acredita deve ser no final de 2025. Apesar de esperar que as margens provavelmente se tornem negativas nos trimestres de baixa temporada, a projeção é de uma margem de 0,3% para 2025.

Analistas também projetam que a alavancagem da JBS deve terminar em 2,3 vezes em 2024 e 2,4 vezes em 2025, colocando a empresa de volta nos trilhos para possíveis fusões e aquisições.

De acordo com a gestão, o processo de documentação para a listagem nos EUA está avançando. Na opinião do banco, uma definição potencial do BNDES (participação de 20,8% na JBS) pode estar atrasando um processo de votação, sobre o qual o banco não tem certeza se pode ocorrer este ano.

Em termos de avaliação, o JPMorgan vê a ação sendo negociada barata a 4,8 vezes Valor da Firma (EV)/Ebitda e um rendimento de fluxo de caixa (FCF) de 13%. Ao câmbio atual do real (vs. nossa média estimada de 5,17 para 2024), o Ebitda para 2024 aumentaria para R$ 31,5 bilhões e a avaliação seria de 4,6 vezes EV/EBITDA.

Informações BDM
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