Exploração na Namíbia e acordo com Cade são favoráveis para a Petrobras?
04 Juli 2024 - 8:13PM
Newspaper
Nos últimos dias, alguns desdobramentos sobre a Petrobras foram
acompanhados de perto pelos investidores, trazendo indicações
principalmente sobre os investimentos em capital para a companhia,
um dos pilares da tese nas ações.
Nesta semana, a Reuters informou que a Petrobras e mais 11 petroleiras manifestaram
interesse em comprar uma participação de 40% na principal
descoberta de petróleo offshore da Galp Energia na Namíbia,
segundo fontes envolvidas no processo de venda. Estima-se que a
descoberta de Mopane contenha cerca de 10 bilhões de barris e a
Galp lançou o processo em abril para vender metade da sua
participação de 80%, bem como o direito de se tornar operadora. A
Petrobras se recusou a comentar sobre o processo de licitação, mas
afirmou que estava avaliando oportunidades para expandir as
reservas de petróleo na África.
Conforme destaca o Bradesco BBI, o possível interesse da
Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) na participação mostra os
esforços da empresa para aumentar suas reservas futuras, dado o
atual ritmo de esgotamento de seus campos de petróleo,
especialmente na bacia de Campos, bem como seu pico de produção,
que deverá acontecer no início 2030.
Além disso, em recente reunião, a presidente, Magda Chambriard,
comentou sobre as descobertas na Namíbia. A Petrobras poderia
utilizar o know-how da Namíbia na exploração da bacia de Pelotas
(que estava ligada à Namíbia na Pangeia).
Na visão do BTG Pactual, embora qualquer investimento
exploratório possa levar um tempo considerável para produzir
resultados, acredita ser importante discutir esse assunto, uma vez
que os empreendimentos anteriores da Petrobras em territórios
estrangeiros não foram satisfatórios e geraram ceticismo no
mercado.
As reservas 1P da Petrobras estão atualmente em 10,9 bilhões de
barris de óleo equivalente (boe), o que implica um índice de vida
útil da reserva (RLI) de 12 anos.
“Mais importante ainda, no início da próxima década, espera-se
que a empresa entre em uma tendência de declínio de produção.
Considerando os riscos e a natureza de longo prazo dos
desenvolvimentos de campos de petróleo e gás, é fundamental que a
empresa invista em novas fronteiras, como a Margem Equatorial, a
Bacia de Pelotas e outras possibilidades”, avalia o banco, também
reforçando que Magda Chambriard também enfatizou isso e, de acordo
com alguns especialistas do setor, as estruturas geológicas na
costa oeste da África são semelhantes às encontradas no Atlântico
brasileiro.
O banco estima um ROA (Retorno sobre Ativos) médio da Petrobras
nos últimos 5 anos em 9%, enquanto o segmento de Exploração &
Produção (E&P) apresentou retornos de 16% durante o mesmo
período, demonstrando não apenas a alta especialização da empresa,
mas também o segmento mais importante na geração de valor.
“Não há visibilidade sobre a estrutura de um potencial
investimento da Petrobras nos ativos da Galp, e é provável que haja
mais parceiros. No entanto, com base em um cálculo simples e
supondo que a empresa detenha uma participação de apenas 1 bilhão
de boe na Galp Mopane, a Petrobras poderia adicionar US$ 12 bilhões
em valor com base em nosso múltiplo alvo para o segmento de E&P
da companhia”, aponta o BTG.
A principal ressalva é o impacto potencial sobre a capacidade da
empresa de pagar dividendos, já que a disposição de investir para
gerar valor no longo prazo parece limitada neste momento. “Embora
gostemos de medidas que garantam a sustentabilidade do crescimento
no segmento de E&P da Petrobras, lembramos que nossa visão
otimista em relação à Petrobras continua bastante ligada à nossa
confiança nos resultados de curto prazo e à crença de que a
assimetria para a geração de caixa (FCFE) é positiva no horizonte
de 2024-26. Deixando de lado o ruído político, não vimos nenhuma
mudança significativa em relação aos principais fundamentos da
empresa desde que o novo governo assumiu, e os riscos parecem estar
precificados”, avalia o BTG, que tem recomendação de compra para as
ações, assim como o BBI.
Refinarias
Já na noite de ontem (3), a Petrobras publicou comunicado a mercado sobre um
aditivo ao acordo (TCC) firmado com a autoridade antitruste
(Cade) a respeito dos desinvestimentos em refinarias, o que
também influencia no plano de negócios da companhia.
Na visão dos analistas da XP, os documentos completos no Cade
permitem algumas leituras interessantes. O aditivo desobriga a
Petrobras de desinvestir as refinarias que ela ainda não vendeu
(REPAR, REFAP, RNEST, REGAP e Lubnor). Como já era amplamente
esperado, a Petrobras não deve seguir com novos desinvestimentos
nessa área, avalia a equipe.
Por outro lado, mantém a obrigação de desinvestimentos das que
já foram vendidas (RLAM, REMAN, SIX). “Na nossa opinião, isso pode
indicar que a Petrobras não deve retomar o controle das refinarias
já desinvestidas, por conta do novo empecilho jurídico”,
avalia.
A Petrobras adotou compromissos comportamentais sobre a
comercialização de derivados, em que se compromete a precificação
dentro do intervalo entre o “Custo alternativo do Cliente” (algo
que a XP entende como algo próximo a PPI, ou paridade de preços de
importação) e “Valor Marginal” (entende próximo a PPE, ou paridade
de preços de exportação). A empresa também se compromete a
disponibilizar acesso ao Cade via “Data Room” dos relatórios de
precificação.
“Consideramos a supervisão antitruste adicional como um
indicador positivo para a governança da política de preços. Sobre a
venda de petróleo para refinadores terceiros, deve seguir em linha
com as práticas de mercado”, aponta.
O Bradesco BBI aponta ainda que, com o acordo da Petrobras em
não ter preços de petróleo discriminatórios no mercado interno para
players privados, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e
amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de Mataripe, a antiga
RLAM, atualmente pertencente à Mubadala Investment Company e que
foi vendida pela Petrobras, poderia aumentar.
Informações Infomoney
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Historical Stock Chart
Von Jun 2024 bis Jul 2024
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
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