Um é estatal, outro privado. Os dois são considerados bancos de excelência e gestoras apontam na continuidade do desempenho sólidos de ambos nesse ano.

Os nomes das instituições financeiras são Banco do Brasil (BOV:BBAS3) e Itaú (BOV:ITUB4). Os dois bancos foram objeto de discussão do quinto e último programa da XP Investimentos Super Clássicos da Bolsa 2024, realizado sexta (14).

Participaram do debate Bernardo Guttmann, do Research da XP, Matheus Guimarães, também do Research da XP, Marcelo Mizrahi, da Norte Asset Management e Marcos Peixoto, da XP Asset Management.

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BB (BBAS3) versus Itaú (ITUB4)

Marcos Peixoto explica que a forma que analisam as empresas é muito mais centrada no preço do que na narrativa.

“Tem muita gente que se prende na narrativa. O Banco do Brasil é um clássico desses. Muita gente não gosta porque é uma empresa estatal. A gente já viu nesse um ano e meio (de novo governo) que tudo segue melhor do que o esperado”, afirmou.

“O banco teve uma performance superpositiva, continuando barato. O banco segue num nível muito interessante de valuation”, diz, acrescentando que o BB tem hoje rentabilidade muito parecida com a do Itaú.

Peixoto crê que o Banco do Brasil vai dar um dividendo acima de 10% esse ano só de pagamento ordinário. “A gente vê o banco com capital bem saudável”, disse.

Governança tem funcionado

Para ele, a governança do Banco do Brasil, item de preocupação dos investidores, tem funcionado bem, com uma diretoria técnica e qualificada. “A gente não vê nenhuma deterioração no banco. Estamos bem construtivos com os resultados esse ano. O banco tem tudo para superar o guidance que ele deu de lucro para 2024”, ressaltou.

O analista avaliou o mix do BB em relação aos outros bancos. “Tem-se uma carteira de agronegócio muito forte, e carteira de pessoas físicas muito concentradas em funcionários públicos. De fato, é uma carteira mais conservadora. Mas com a piora da inadimplência nos últimos anos, o BB se posicionou melhor”, afirmou.

Por outro lado, ele vê o banco com uma agenda na eficiência e de melhora na receita, na carteira de crédito e no mix de produtos.

“O que fez o banco chegar a essa rentabilidade maior são os alicerces que estão ali. A parte de agro, mesmo tento um ano um pouco pior, não está se vendo piora relevante para o banco. O BB está passando por este teste”, comentou.

Inadimplência controlada

Marcelo Mizrahi, da Norte Asset Management, destaca no Itaú a inadimplência “bastante controlada”.

“O comprometimento de renda, que é o grande pushback (puxador) do crescimento de crédito, caiu de um patamar muito elevado de 28% no meio do ano passado, e voltou para casa de 25%, que é acima do que estava antes da pandemia, de 23%. Mas foi suficiente para que o banco voltasse a ter mais confiança no retorno à concessão de crédito”, relatou o analista. O portfólio de crédito é um dos grandes alavancadores de receitas dos bancos.

Além disso, Mizrahi ressalta o crescimento do Itaú no segmento de pequenas e médias empresas. “Depois de uma visão mais cautelosa no segmento, acelerou-se os níveis de concessão de crédito desde o ano passado (para as pequenas e médias empresas)”, destacou.

Dividendos

O analista da Norte vê crescimento de lucros do banco acima de 10% esse ano: “Em torno de 15% é o que a gente está esperando”.

A gestora calcula que o capital excedente do Itaú deve aumentar em 2024. “Isso dá bastante conforto que o Itaú pode ter um pagamento de dividendos entre 8 e 10%, sem que haja nenhuma agressividade do ponto de vista de capital”, afirmou.

Ele lembrou que há dois anos havia preocupação com a disputa no mercado de como seria com as fintechs, os bancos digitais e as empresas de meios eletrônicos de pagamentos financeiros, mas hoje já é uma realidade essa concorrência.

Tecnologia

Sobre o desenvolvimento tecnológico, o Itaú “já se posicionou frente a isso”, destacou.

“Isso dá um conforto em se pensar na perspectiva de lucro do Itaú. É difícil pensar agora em algo tão disruptivo, tão transformacional do que já tem hoje”, avaliou. Mizrahi lembra que o Itaú investiu muito em tecnologia e na melhora da experiência do usuário nos últimos anos.

Os dois bancos são preferenciais da XP, com opções de compra. Bernardo Guttmann, do Research da XP, ressaltou que o BB, apesar de seu um banco público de capital misto, entrega um resultado bem alto e no mesmo patamar do Itaú.

Já o Itaú, ele vê à frente de seus pares privados, com bastante eficiência, que consegue entregar com consistência uma rentabilidade elevada.

Bradesco e Santander

Os especialistas comentaram ainda sobre Bradesco e Santander. “A gente enxerga um gap operacional grande entre o Itaú e outros bancos incumbentes”, afirmou.

Os analistas lembram que o Bradesco (BOV:BBDC4) passa por um momento de reestruturação forte, com necessidade de investimento em tecnologia, o que pode afetar os custos e levar um período maior para a sua recuperação.

Assim como o Bradesco, o Santander (BOV:SANB11) também enfrenta agenda semelhante, com necessidade de foco na eficiência e no aumento de receita, enquanto tenta abaixar o nível de inadimplência.

Matheus Guimarães, do Research da XP, complementa que tanto o Banco do Brasil como o Itaú conseguiram “surfar” bem o cenário mais difícil de inadimplência registrado nos últimos anos.

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