Hapvida perde R$ 3,5 bilhões em valor de mercado, com investigação do MP
23 Januar 2024 - 2:03PM
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As ações da Hapvida registram queda de 12%, com a companhia
perdendo R$ 3,5 bilhões em valor de mercado em três sessões (ou
seja, desde o pregão da última quinta-feira), após notícia do
jornal O Estado de S. Paulo destacar que a empresa é acusada de
descumprir sistematicamente decisões judiciais favoráveis aos seus
beneficiários, com o Ministério Público de São Paulo iniciando uma
investigação sobre o caso.
Em nota, a operadora de plano de saúde disse que “não possui
qualquer política ou diretriz para o descumprimento sistemático ou
ordenado de decisões judiciais” e afirmou que avaliará se existem
quaisquer medidas a serem reportadas ou adotadas a respeito.
Analistas do mercado citam as notícias como negativas, uma vez
que podem afetar a reputação da empresa e levantar preocupações do
mercado sobre adições líquidas de novos beneficiários e margens de
lucro. Ainda assim, a queda da ação (ante baixa de 1,5% do Ibovespa
no mesmo período) parece excessiva para a maior parte deles, que
reiteram recomendação de compra para os ativos HAPV3.
O JPMorgan comenta que a “judicialização” da saúde privada tem
sido um tema recorrente na indústria, enquanto a Justiça tende a
geralmente decidir a favor dos beneficiários dada a urgência usual
dos casos. Nesse contexto, o banco destaca que tem observado um
maior número de processos por mil beneficiários entre os principais
operadores no Estado de São Paulo, bem como reclamações na agência
de saúde privada (ANS). Ainda assim, os números mostram que a
Hapvida foi a que apresentou o maior aumento.
Os analistas do JPMorgan acreditam que as notícias sobre esse
tema provavelmente continuarão sendo um tópico quente de curto
prazo em artigos da imprensa, dada a natureza sensível do caso.
Assim, até que as investigações sejam resolvidas, eles esperam que
isso continuará gerando ruídos para a empresa do ponto de vista
ESG, enquanto levanta algumas questões sobre a sustentabilidade da
história de recuperação do índice de sinistralidade (MLR).
Por outro lado, na visão do banco, é improvável que isso altere
a trajetória de melhoria do MLR, uma vez que o número de casos
relatados que não estão sendo abordados pela empresa provavelmente
não terá um impacto financeiro significativo, dada o porte
dela.
Os relatos negativos da imprensa, por sua vez, provavelmente
causarão algum dano à marca da empresa e potencialmente afetarão o
ritmo esperado de recuperação das adições líquidas no 2º semestre
de 2024, enquanto potencialmente impulsionam uma renegociação de
contratos com uma taxa de churn (cancelamento) mais alta do que o
esperado na região Sudeste do país – operações legadas da Notre
Dame Intermedica (NDI).
Ao analisar o balanço da empresa, o montante de provisões
relacionadas a possíveis questões civis era de R$ 488 milhões até o
3º trimestre de 2023 ( cerca de 2% do valor de mercado), enquanto o
valor sob “possível risco de perda” (portanto, não provisionado) é
de R$ 1,8 bilhão.
Também para Rafael Barros e Raphael Elage, analistas do setor de
saúde da XP, a queda parece como incompatível com a perda potencial
e, portanto, reitera a recomendação de compra para a ação em meio a
essa desvalorização.
O Bradesco BBI é outra casa que vê a queda recente como
exagerada e cita quatro pontos. Em primeiro lugar, os analistas
acreditam que o descumprimento das liminares pela Hapvida
(BOV:HAPV3) não se deve à existência de uma política ou diretriz ,
mas possíveis complicações. Outros grandes players também não
cumprem integralmente as liminares, segundo apurou o Estadão. Caso
não consiga reverter o processo, o risco é ter que assinar um Termo
de Ajustamento de Conduta (TAC) para garantir que a empresa não
repetirá as irregularidades e poderá pagar multa.
Em segundo lugar, as contingências da Hapvida relacionadas à
cobertura de assistência médica e carência não provisionadas no
3T23 foram de 0,6% do seu valor de mercado.
Além disso, as reclamações judiciais são uma questão setorial,
aumentaram em todos os níveis, provavelmente devido às recentes
mudanças regulatórias, e, de acordo com a Hapvida, a maioria das
reclamações são questionadas pelas empresas, pois envolvem em
alguns casos fraudes e solicitações não cobertas contratualmente.
Por fim, os indicadores de qualidade global (IDSS) do Hapvida e da
NotreDame Intermédica (NDI) estão acima da média do setor.
Para o Citi, embora concorde que a fraqueza do mercado também
possa ser parcialmente culpada pelo desempenho da Hapvida, com as
ações agora sendo negociadas a 10,9 vezes o preço sobre lucro (P/L)
de 2025, vê a solução risco-recompensa como altamente distorcida
para cima.
O Citi tem recomendação de compra para as ações HAPV3 com
preço-alvo de R$ 6, ou potencial de alta de 58%. O JPMorgan tem
recomendação overweight (exposição acima da média do mercado,
equivalente à compra), com target de R$ 6,50 (upside de 71,5%). O
BBI tem também recomendação outperform (desempenho acima da média
do mercado, também equivalente à compra), mas com o preço-alvo um
pouco menor, de R$ 5,50 (upside de 45%), enquanto a XP tem meta de
preço de R$ 5,70 para HAPV3 (upside de 50%).
Informações Infomoney
HAPVIDA ON (BOV:HAPV3)
Historical Stock Chart
Von Mai 2024 bis Jun 2024
HAPVIDA ON (BOV:HAPV3)
Historical Stock Chart
Von Jun 2023 bis Jun 2024